*resenha do artigo de Júlio Valentin
A reconfiguração pela qual passam os espaços urbanos indica uma certa obsessão pela mobilidade. Através dos novos adventos tecnológicos, como celulares e dispositivos sem-fio, propiciando uma comunicação entre os indivíduos que compõe o meio social, através da internet e outras redes.
Surge diante nós, uma era da portabilidade, da mobilidade e da conexão generalizada dentro e fora dos ambientes domésticos, de trabalho, consumo e lazer. As tecnologias móveis permitem a articulação do espaço físico com o espaço virtual, possibilitando que pessoas, veículos, objetos e lugares possam ser localizados e conectados sem-fio, entre si e a qualquer parte do mundo, através do ciberespaço.
A liberdade de mobilidade passa a ser cobiçada pelos indivíduos, é o principal fator de estratificação territorial e sociocultural, revitalizando as tradicionais distinções entre ricos e pobres, nômades e sedentários, ao mesmo tempo em que a comunicação passa a ser móvel, a mobilidade torna-se comunicativa.
Os veículos de comunicação não estariam mais no espaço, e sim, todo o espaço se tornaria um canal interativo. Ao invés da idéia de “ponto de conexão”, concebemos essa nova realidade como sendo um “ambiente de conexão” ou “nuvem de conexão”. Esse ambiente incipiente rompe com a idéia linear e lógica das redes, sobretudo através da tecnologia de Wi-Fi, uma vez que o alcance da área de cobertura não é fixa, depende da localização de cada cidadão conectado.
A sociedade transita de sociedades disciplinares para sociedades de controle. A primeira seria o ambiente que molda os comportamentos individuais e coletivos através da segregação e da fixação dos movimentos, tendo o objetivo de vigiar e disciplinar o aprisionamento, impedindo que os indesejáveis fugissem dos limites a eles impostos. A sociedade de controle apresenta uma liberdade lúdica e ilusória, modulando as interações pela integração e organização da diferença entre as mobilidades, vigiando e controlando a inclusão, a fim de garantir que nenhum intruso adentre determinado ambiente. Nossas cidades, de forma gradativa, vêm se tornando metrópoles cibernéticas, onde cada vez mais os cidadãos, animais, máquinas, veículos, objetos e lugares são monitorados e conectados, entre si e a qualquer parte do mundo, através do ciberespaço.
Os computadores somem progressivamente e estão sendo embutidos em inúmeros objetos que nos cercam, através de sensores e softwares automatizados que funcionam como sistemas opacos e invisíveis de vigilância e controle do ambiente. Esse universo de tecnologias da mobilidade vai além do controle dos cidadãos. Aparelhos multifuncionais possibilitam o controle do ambiente, reunindo no mesmo dispositivo portátil, inúmeras funções como de computação, telefonia e navegação pela internet.
A cultura da mobilidade vem alterando de forma irreversível as rotinas profissionais, presencia-se de forma cada vez mais intensa o “teletrabalho móvel”, o trabalhador passa a utilizar o espaço físico do escritório só quando necessário, comunicando-se com os outros funcionários através das novas tecnologias móveis, sobretudo através do telefone celular. Em Tóquio a troca de mensagens SMS vem sendo muito difundida e utilizada principalmente devido ao baixo custo. Essas mensagens funcionam como uma ordem a ser cumprida, não se efetivando como um diálogo, não sendo considerada como comunicação social, mas sim como comunicação pessoal. A troca de informações que ocorre entre os usuários de celular parece bem mais com as senhas de acesso da sociedade de controle.
A facilidade de comunicação, de mobilidade e de interação entre os integrantes das redes móveis possibilitou o surgimento dos Smart Mobs ou Multidões Inteligentes. São agrupamentos que agem de forma coordenada, cooperativa e autoorganizável, através de SMS e portáteis conectados sem-fio à internet, visando um objetivo definido, geralmente com caráter político-social. O surgimento das smart mobs marca a atuação da tão criticada massa estúpida e alienada, em uma multidão inteligente, interconectada e articulada, modificando não só as dinâmicas da luta, como a forma de fazer e entender a política.
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
A Mobilidade das Multidões: Comunicação Sem-Fio, Smart Mobs e Resistência nas Cibercidades
Postado por Caique Gonçalves às 14:00 5 comentários
Marcadores: Comunicação, Internet
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