quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

História da Imprensa no Brasil

A obra organizada por Tania Regina de Luca e Ana Luiza Martins possui o mesmo título de um dos ícones da história do jornalismo no país tupiniquim, de Nelson Werneck Sodré. Este novo livro reúne textos de especialistas de diversas áreas, em que eles traçam um painel rico e substancial do surgimento da atividade jornalística, passando pelas suas diversas fases e segmentações de seu produto às perspectivas da práxis jornalística, nesta nova era onde a informação se mistura com o entretenimento, juntamente com o surgimento de novas tecnologias informacionais.



sexta-feira, 29 de agosto de 2008

TV Digital chega à Salvador, Porto Alegre e Palmas


O ministro das Comunicações, Hélio Costa, no Broadcast&Cable, principal evento de televisão, rádio e telecomunicações da América Latina, anunciou que as próximas capitais brasileiras a receber o sinal digital serão Porto Alegre, Salvador e Palmas. A capital do Tocantins receberá o sinal em setembro, enquanto as outras duas somente em outubro.

Os moradores de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Goiânia já têm a possibilidade de assistir TV em alta definição, no entato, a adesão a esse novo sistema ainda é tímida, muito aquém ao esperado pelo governo federal. Os telespectadores sofrem ainda com a falta de informação segura sobre a implantação do sinal em HDTV (High Definition Televison). Outra pergunta que paira no ar é a respeito do conteúdo televisivo, será que as pessoas estão dispostas em investir em um meio de comunicação moderno, porém vazio?

Para você, o que falta para uma adesão significativa do sinal digital por parte do grande público?

domingo, 3 de agosto de 2008

Inovatec investirá cerca de R$ 60 milhões em C&T na Bahia

O Programa Estadual de Incentivos à Inovação Tecnológica (Inovatec) prevê um investimento de cerca de R$ 60 milhões até 2010 na ampliação da base tecnológica da Bahia, mais da metade do investimento anual em ciência e tecnologia no estado. O programa foi criado pelo Governo do Estado para o desenvolvimento da economia baiana, através de investimentos nas áreas de ciência, tecnologia e inovação.

Instituído pela Lei nº 9.833, regulamentada em 2007, o Inovatec beneficiará instituições privadas interessadas em realizar novos investimentos de caráter tecnológico, órgãos e instituições da administração municipal, estadual e federal que efetuem investimentos de forma sistemática em ciência e tecnologia na Bahia. O Programa prevê também a redução do ICMS que incide sobre a importação de máquinas, equipamentos e instrumentos destinados aos investimentos de base tecnológica. No setor de telecomunicações, por exemplo, o ICMS incidente nas prestações dos serviços de comunicação pode ser reduzido em 50%, 70 ou 90%. Esse desconto não se aplica a projetos voltados para a comercialização de transmissão de dados e voz.

O professor de Física do Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia (Cefet-BA), Elias Ramos de Souza acredita que os incentivos fiscais previstos no Inovatec devem ser um componente central das políticas públicas, tornando-se um incentivo para que as empresas invistam em Ciência, Tecnologia & Inovação (C,T&I). “O Brasil investe apenas 1% do PIB em ciência e tecnologia, mas a maior fatia dos recursos se origina dos cofres públicos. Nos países mais desenvolvidos - que investem mais de 2% do PIB no setor - tipicamente dois terços dos recursos são oriundos de empresas. A situação brasileira é paradoxal no sentido de que o país tem investimentos públicos no patamar dos países mais desenvolvidos e investimentos privados no patamar de países menos desenvolvidos do planeta”, completa.

O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (Secti), Ildes Ferreira afirma que os recursos provenientes do Programa serão aplicados em projetos de empresas e instituições que tenham o caráter inovador e o foco principal será o investimento em máquinas, equipamentos e instrumentos que potencializem a produção científico-tecnológica. “Nosso objetivo é o desenvolvimento científico e tecnológico com bases sustentáveis, a partir da inovação. Apoiar ações inovadoras facilita o surgimento de produtos e processos que contribuem na geração de emprego, renda e no aumento da arrecadação, formando um círculo virtuoso”, completa.

O Inovatec é um dos instrumentos que servirá para alavancar o TecnoVia – Parque Tecnológico de Salvador-BA, mas vai além da ampliação da base tecnológica do estado. “As universidades estaduais, por exemplo, já têm garantido um aporte de R$ 500 mil para cada uma delas (R$ 2 milhões no total) para laboratórios. O Inovatec também visa incentivar as atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e a produção e disseminação de conhecimento científico e tecnológico”, afirma o secretário. A maior parte dos recursos é do Fundo de Investimento Econômico e Social da Bahia (FIES), mas há investimentos da Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia) e outros parceiros poderão integrar o programa.

Investimento em C&T

De acordo com dados do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), que contabilizou os recursos do Governo do Estado aplicados em C&T entre os anos de 2000 e 2003, a Bahia teve nesse período um investimento anual de cerca de R$ 105 milhões, atrás apenas dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná que investiram nessa área R$ 2,5 bilhões, R$ 225 milhões e R$ 219 milhões, respectivamente.

Professor de Física do Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia (Cefet-BA), Elias Ramos de Souza, afirma que existe tradição maior de investimentos nos estados do Sul e Sudeste do país, contudo, proporcionalmente, os indicadores de tecnologia nos estados destas regiões superam indicadores econômicos. O estado de São Paulo, por exemplo, tem um PIB que corresponde a aproximadamente um terço do PIB brasileiro, entretanto a sua presença em depósitos de patentes e no número de empresas inovadoras estão acima de 40%.

Por outro lado, nas demais regiões a defasagem entre a economia e o desenvolvimento tecnológico é notória. O PIB baiano corresponde a quase 5% do nacional, mas os depósitos de patentes estão um pouco acima de 1% e o número de empresas inovadoras situa-se em aproximadamente 2%. Elias Ramos de Souza acredita que seja fundamental a superação das desigualdades regionais no que se refere a investimentos em ciência, tecnologia e inovação, e que esta política esteja claramente definida como prioridade pelo governo federal, considerando-se que tais investimentos podem levar a uma melhor distribuição de riquezas e de melhoria da qualidade de vida das populações do norte, nordeste e centro-oeste brasileiros.

Elias de Souza afirma que essa quarta colocação em investimento de C&T diz respeito apenas a verba oriunda do governo do estado, refletindo basicamente um caminho de consolidação das universidades estaduais, da Fapesb e da Secti. “O orçamento da Secti, por exemplo, passou de cerca de R$ 3 milhões em 2006 para mais de R$ 30 milhões em 2007, entretanto a Bahia está entre os estados que menos recebem recursos federais segundo as estatísticas do próprio MCT considerando-se o porte da economia baiana. Minas e Pernambuco, por exemplo, investem menos recursos do orçamento estadual em C&T do que a Bahia, porém captam mais recursos federais”, completa.

O Inovatec já está recebendo propostas das empresas interessadas no benefício, através do encaminhamento de uma carta consulta disponível no site da Secti, que deve conter informações básicas do projeto pretendido, para obtenção do pré-enquadramento nos objetivos e prioridades do programa.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Pesquisa Científica ainda enfrenta muitas dificuldades no Brasil


A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) divulgou recentemente o relatório da Avaliação Trienal 2007. De acordo com o documento, foram avaliados 2.266 programas, totalizando 3.409 cursos, 1.182 de doutorado, 2.070 de mestrado acadêmico e 157 de mestrado profissional. Foram contabilizados 41.646 alunos titulados, 77,5% em mestrado e 22,5% em doutorado. Já quando se trata de alunos matriculados o número chega à 132.481, cerca de 64% de mestrandos e 36% de doutorandos. Houve um aumento de cerca de 20% dos programas avaliados em relação ao relatório anterior de 2004.

O documento visa avaliar a evolução de todo o sistema de pós-graduação do país e de cada programa individualmente, possibilitando a implantação de um banco de dados eficiente acerca da situação e evolução da pós-graduação, além de possibilitar a autorização, reconhecimento e renovação do reconhecimento dos cursos de mestrado e doutorado brasileiros.

A avaliação do Relatório Trienal se dá através de conceitos que vão de 1 a 7, estes números correspondem, em ordem crescente de qualidade dos cursos, os cursos classificados com os conceitos 1 ou 2 tiveram um desempenho fraco e abaixo do padrão mínimo, ao passo que os que obtiveram 6 ou 7 são aqueles programas de doutorado com nível de excelência. Dos programas avaliados 0,3% tiveram conceito 1, 3,7% obtiveram conceito 2, 29,9% foram classificados com conceito 3, a maioria dos programas tiveram conceito 4, cerca de 35,3%, o relatório registrou 21,1% com conceito 5, 6,4% foram avaliados com 6 e apenas 3,3% alcançaram o conceito máximo.

Avaliação qualitativa dos resultados

Os novos números da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) indicam um crescimento quantitativo considerável acerca da pesquisa científica brasileira. Há 20% a mais de programas de pós-graduação, porém ao analisar os dados de uma forma qualitativa, a coisa muda de figura e pode-se ver de uma forma mais consistente e visível as falhas da pesquisa no Brasil. Tendo como parâmetro os conceitos de 1 a 7 dados pela Capes em comparação com a Avaliação Trienal anterior, percebe-se que o panorama não se modificou, de fato, como indicam os números analisados.

A porcentagem de cursos com o conceito 1 permaneceu em 0,3%, no entanto houve um aumento em relação àqueles que receberam o conceito 2, em 2004 eram 1,7%, agora chegaram a 3,7%. O que indica que há mais cursos de péssima qualidade do que antes. Já os que obtiveram conceito 3, houve um decréscimo de 30,1% para 29,9%. O conceito 4 continua sendo o concedido com mais freqüência, aumentando de 32,5% para 35,3%. Os programas classificados com o conceito 5 diminuíram de 24% para 21,1%. Os cursos atestados como de ótima qualidade diminuíram em relação ao relatório anterior, aqueles com conceito 6 consistiam em 8% do total e agora não passam de 6,4%, enquanto os que obtiveram conceito 7 têm uma participação semelhante ao da última avaliação, passaram de 3,4% para 3,3%.


Embora o crescimento em números seja evidente, os programas em nível de excelência (conceitos 6 e 7) tiveram um crescimento absoluto ínfimo, em 2004 existiam 207 e agora são 219 cursos considerados de ótima qualidade. Outro dado desanimador é que há um número muito maior em relação aos programas de péssima qualidade, (conceitos 1 e 2) houve um aumento de 36 para 91 cursos que obtiveram tais conceitos. Esses dados denotam uma deficiência na educação brasileira, desde a infantil, embora haja cada vez mais um número maior de alunos, o ensino e capacitação dos profissionais ainda estão muito aquém da desejada e isso reflete também na produção científica brasileira.


As dificuldades enfrentadas pelos pesquisadores

A comunidade científica está aguardando ansiosamente o Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação que investirá cerca de R$ 41 bilhões na área até 2010, o que poderá possibilitar um salto qualitativo na pesquisa científica brasileira, porém não é só o capital que irá possibilitar tal feito.

Segundo indica no seu artigo no caderno “Mais” da Folha de São Paulo, Giovana Girardi acredita que os pesquisadores esperam que se possa derrubar alguns entraves dos quais a comunidade científica está cansada de reclamar.

A burocracia que cerca a importação de material científico e leis que dificultam os estudos da biodiversidade nacional, a criação de Institutos de Pesquisa no país, espalhando-os por regiões que convivem com um vazio científico, como a região Norte são as principais iniciativas propostas pelos pesquisadores brasileiros ao governo federal.
As mudanças para fomentar a produção científica brasileira devem começar por resolver problemas estruturais como a má qualidade do ensino e a ausência de uma postura política que veja no incentivo à pesquisa como fator preponderante para o desenvolvimento social.
Atualmente, a pesquisa científica brasileira corresponde a apenas 2% da produção mundial, ocupando o 15º Lugar, segundo indica a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Em termos qualitativos o desempenho do Brasil é mais tímido, é o 20° colocado, o ranking mede o impacto dos trabalhos publicados, tendo como base o quanto eles são citados por outros trabalhos. O ranking da Capes considerou todos os trabalhos brasileiros publicados em revistas científicas indexadas na base de dados do ISI (Instituto para Informação Científica).
Luiz Eugênio de Mello, pró-reitor de Graduação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em entrevista a Giovana Girardi, considerou a burocracia como o maior entrave para a pesquisa no Brasil. “Os preços que a gente paga e os prazos que a gente tem de enfrentar são uma das maiores causas do nosso atraso científico. Um americano ou um europeu que precisem de um produto o recebem no dia seguinte.

Aqui leva em média três meses para chegar” complementa. Luiz Eugênio de Mello afirma ainda que aqui no Brasil se considera, por definição, todo mundo como desonesto. As leis têm tantas dobras para evitar isso que no final acabam fomentando a desonestidade e a corrupção, o que se vê são muitos pesquisadores tentam burlar o sistema, contrabandeando.
Integração da pesquisa com o setor produtivo

Em virtude das dificuldades em se realizar pesquisa científica no Brasil e em países em desenvolvimento, se presencia uma emigração de pesquisadores para países com tradição nesse segmento. Segundo estimativa feita pelas Nações Unidas em 2005, quase 40 mil cientistas latino-americanos abandonam anualmente seus países de origem a fim de se instalar em institutos e universidades de nações ricas. Os principais problemas enfrentados por esses profissionais em seus países são os baixos salários, dificuldades para se conseguir financiamento e de se dedicar integralmente à pesquisa.

Uma das maiores deficiências da pesquisa brasileira é ainda o distanciamento dela com o setor produtivo. De acordo com um trabalho recente de Carlos Henrique Brito Cruz, diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), apenas 16% dos pesquisadores brasileiros trabalham em empresas ao passo que em países como os EUA e Coréia do Sul esse percentual chega a 80%.

Os números do trabalho de Brito Cruz indicam que a atividade científica brasileira ainda é exercida preponderantemente pelo setor público. O país investe cerca de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em Pesquisas e Desenvolvimento (P&D) ainda muito distante da média de 2,24% dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne os países desenvolvidos e alguns emergentes. Apesar desse investimento não satisfatório o Brasil é líder na América Latina.

Do total investido pelo Brasil, 60% é oriundo do setor público, através do financiamento direto do governo ou despesas com o ensino superior. A presença do investimento público torna-se evidente quando, apesar da verba destinada ao segmento representar apenas um terço em relação ao que é gasto pelos países líderes, (Suécia com quase 4% do PIB e Finlândia com 3,5%) a diferença cai abruptamente quando se compara o investimento público na atividade.

Enquanto o setor público brasileiro investe 0,6% do PIB, nos EUA e Suécia este indicador fica entre 0,8% e 1%. No setor privado a diferença é enorme, as empresas brasileiras gastam menos de 0,4% do PIB, em países como a Suécia e o Japão, líder e o vice, respectivamente, gastam entre 2,4% e 2,6%.

Comentário

Para que o Brasil, de fato, se torne uma potência científica, é necessária uma mudança profunda em toda sua estrutura, desde o ensino básico, passando pela desburocratização da política de exportação e importação de material científico e, sobretudo, no que tange o investimento no segmento através da iniciativa privada. As empresas brasileiras ainda não exploram o potencial da interação com institutos de pesquisa e universidades.

O setor privado ainda abriga poucos cientistas, esse problema advém do baixo nível de inovação do setor produtivo nacional, impossibilitando a construção de pontes com o mundo da ciência. O cérebro das empresas continua sendo alojado nas nações ricas e o trabalho braçal, de mão-de-obra, é destinado às nações subdesenvolvidas ou em desenvolvimento, como o Brasil. É necessário acabar com a visão tradicionalista e propiciar que as universidades consigam ir além da pesquisa pura, dando suporte para a inovação na pesquisa e tecnologia no mundo dos negócios.

É inegável que a produção científica cresceu significativamente nos últimos anos, mas o mundo cresceu mais ainda. É de fundamental importância que o governo, as empresas e os pesquisadores possam realizar as mudanças necessárias e fundamentais, fomentando a evolução científica e tecnológica nacional , proporcionando, por conseguinte, o desenvolvimento da sociedade brasileira de forma menos excludente, para que todos os segmentos sociais possam ser beneficiados.