quarta-feira, 25 de março de 2009

Linguista Steven Pinker abre o Fronteiras Braskem do Pensamento no TCA

É possível compreender a mente humana de forma lógica e racional? Ávidos por respostas a esse questionamento, os baianos foram ontem (24) ao Teatro Castro Alves para conferir a palestra de Steven Pinker, psicólogo experimental e congnitivo eu dos mais brilhantes lingüistas do mundo.

O tema da palestra foi “Linguagem, mente e natureza humana”, em que Pinker discorreu durante apenas uma hora de forma genial, despertando a curiosidade dos presentes, deixando-os boquiabertos com idéias nada convencionais, que nos fazem pensar: Por que não pensei nisso antes?

Pinker tem se dedicado a explicar como a mente funciona, título aliás de um dos seus livros “How the mind works”, lançado em 1996. O lingüista explicou como se dá a evolução da linguagem, através do surgimento de novos termos e o suprimento de outros. Estabelecendo um paralelo e uma série de correlações entre a linguagem e a natureza humana. A mais intrigante e interessante delas gira em torno das falas indiretas, segundo ele, um reflexo das relações de dominância e reciprocidade dos interlocutores.

De forma bem didática ele explicou a platéia que nos EUA ao invés de pedir para a pessoa passar o sal durante as refeições, é comum a seguinte expressão: “Se você passasse o sal seria maravilhoso”, ou seja a frase perde seu caráter imperativo e não transparece a dominância de quem pede. As falas indiretas abrangem situações de corrupção, quando o corruptor precisa saber se determinada pessoas está propensa a receber tal agrado ou abomina esta prática. Utilizando falas indiretas, a probabilidade de saber como se portar em situações extremas é bem maior.

Outra teoria abordada por Pinker, refere-se à compreender a complexidade do cérebro humano. É a “engenharia reversa”, ou seja, depois que sabemos qual a finalidade de algo é mais fácil de identificar como ela alcança esse fim. Parte-se do resultado para suas causas.

Steven Pinker é ex-professor do Departamento do Cérebro e Ciências Cognitivas do Massachusetts Institute of Technology. Doutor em Psicologia em Harvard, ele foi considerado pela Revista Times como uma das 100 pessoas mais influentes no mundo. Dentre os seus livros publicados, destacam-se também O Instinto da Linguagem (1994), Words and Rules: The Ingredients of Language (1999) e Tábula Rasa (2002), sua obra mais conhecida.

A palestra de Pinker abriu o ciclo de palestras “Fronteiras Braskem do Pensamento 2009” que irá trazer para Salvador no próximo semestre, o psicólogo Howard Gardner, o economista vencedor do Prêmio Nobel Eric Maskin, a psicanalista Maria Rita Kehl e o polêmico e entusiasta do novo jornalismo, Tom Wolfe.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

História da Imprensa no Brasil

A obra organizada por Tania Regina de Luca e Ana Luiza Martins possui o mesmo título de um dos ícones da história do jornalismo no país tupiniquim, de Nelson Werneck Sodré. Este novo livro reúne textos de especialistas de diversas áreas, em que eles traçam um painel rico e substancial do surgimento da atividade jornalística, passando pelas suas diversas fases e segmentações de seu produto às perspectivas da práxis jornalística, nesta nova era onde a informação se mistura com o entretenimento, juntamente com o surgimento de novas tecnologias informacionais.



sexta-feira, 29 de agosto de 2008

TV Digital chega à Salvador, Porto Alegre e Palmas


O ministro das Comunicações, Hélio Costa, no Broadcast&Cable, principal evento de televisão, rádio e telecomunicações da América Latina, anunciou que as próximas capitais brasileiras a receber o sinal digital serão Porto Alegre, Salvador e Palmas. A capital do Tocantins receberá o sinal em setembro, enquanto as outras duas somente em outubro.

Os moradores de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Goiânia já têm a possibilidade de assistir TV em alta definição, no entato, a adesão a esse novo sistema ainda é tímida, muito aquém ao esperado pelo governo federal. Os telespectadores sofrem ainda com a falta de informação segura sobre a implantação do sinal em HDTV (High Definition Televison). Outra pergunta que paira no ar é a respeito do conteúdo televisivo, será que as pessoas estão dispostas em investir em um meio de comunicação moderno, porém vazio?

Para você, o que falta para uma adesão significativa do sinal digital por parte do grande público?

domingo, 3 de agosto de 2008

Inovatec investirá cerca de R$ 60 milhões em C&T na Bahia

O Programa Estadual de Incentivos à Inovação Tecnológica (Inovatec) prevê um investimento de cerca de R$ 60 milhões até 2010 na ampliação da base tecnológica da Bahia, mais da metade do investimento anual em ciência e tecnologia no estado. O programa foi criado pelo Governo do Estado para o desenvolvimento da economia baiana, através de investimentos nas áreas de ciência, tecnologia e inovação.

Instituído pela Lei nº 9.833, regulamentada em 2007, o Inovatec beneficiará instituições privadas interessadas em realizar novos investimentos de caráter tecnológico, órgãos e instituições da administração municipal, estadual e federal que efetuem investimentos de forma sistemática em ciência e tecnologia na Bahia. O Programa prevê também a redução do ICMS que incide sobre a importação de máquinas, equipamentos e instrumentos destinados aos investimentos de base tecnológica. No setor de telecomunicações, por exemplo, o ICMS incidente nas prestações dos serviços de comunicação pode ser reduzido em 50%, 70 ou 90%. Esse desconto não se aplica a projetos voltados para a comercialização de transmissão de dados e voz.

O professor de Física do Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia (Cefet-BA), Elias Ramos de Souza acredita que os incentivos fiscais previstos no Inovatec devem ser um componente central das políticas públicas, tornando-se um incentivo para que as empresas invistam em Ciência, Tecnologia & Inovação (C,T&I). “O Brasil investe apenas 1% do PIB em ciência e tecnologia, mas a maior fatia dos recursos se origina dos cofres públicos. Nos países mais desenvolvidos - que investem mais de 2% do PIB no setor - tipicamente dois terços dos recursos são oriundos de empresas. A situação brasileira é paradoxal no sentido de que o país tem investimentos públicos no patamar dos países mais desenvolvidos e investimentos privados no patamar de países menos desenvolvidos do planeta”, completa.

O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (Secti), Ildes Ferreira afirma que os recursos provenientes do Programa serão aplicados em projetos de empresas e instituições que tenham o caráter inovador e o foco principal será o investimento em máquinas, equipamentos e instrumentos que potencializem a produção científico-tecnológica. “Nosso objetivo é o desenvolvimento científico e tecnológico com bases sustentáveis, a partir da inovação. Apoiar ações inovadoras facilita o surgimento de produtos e processos que contribuem na geração de emprego, renda e no aumento da arrecadação, formando um círculo virtuoso”, completa.

O Inovatec é um dos instrumentos que servirá para alavancar o TecnoVia – Parque Tecnológico de Salvador-BA, mas vai além da ampliação da base tecnológica do estado. “As universidades estaduais, por exemplo, já têm garantido um aporte de R$ 500 mil para cada uma delas (R$ 2 milhões no total) para laboratórios. O Inovatec também visa incentivar as atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e a produção e disseminação de conhecimento científico e tecnológico”, afirma o secretário. A maior parte dos recursos é do Fundo de Investimento Econômico e Social da Bahia (FIES), mas há investimentos da Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia) e outros parceiros poderão integrar o programa.

Investimento em C&T

De acordo com dados do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), que contabilizou os recursos do Governo do Estado aplicados em C&T entre os anos de 2000 e 2003, a Bahia teve nesse período um investimento anual de cerca de R$ 105 milhões, atrás apenas dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná que investiram nessa área R$ 2,5 bilhões, R$ 225 milhões e R$ 219 milhões, respectivamente.

Professor de Física do Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia (Cefet-BA), Elias Ramos de Souza, afirma que existe tradição maior de investimentos nos estados do Sul e Sudeste do país, contudo, proporcionalmente, os indicadores de tecnologia nos estados destas regiões superam indicadores econômicos. O estado de São Paulo, por exemplo, tem um PIB que corresponde a aproximadamente um terço do PIB brasileiro, entretanto a sua presença em depósitos de patentes e no número de empresas inovadoras estão acima de 40%.

Por outro lado, nas demais regiões a defasagem entre a economia e o desenvolvimento tecnológico é notória. O PIB baiano corresponde a quase 5% do nacional, mas os depósitos de patentes estão um pouco acima de 1% e o número de empresas inovadoras situa-se em aproximadamente 2%. Elias Ramos de Souza acredita que seja fundamental a superação das desigualdades regionais no que se refere a investimentos em ciência, tecnologia e inovação, e que esta política esteja claramente definida como prioridade pelo governo federal, considerando-se que tais investimentos podem levar a uma melhor distribuição de riquezas e de melhoria da qualidade de vida das populações do norte, nordeste e centro-oeste brasileiros.

Elias de Souza afirma que essa quarta colocação em investimento de C&T diz respeito apenas a verba oriunda do governo do estado, refletindo basicamente um caminho de consolidação das universidades estaduais, da Fapesb e da Secti. “O orçamento da Secti, por exemplo, passou de cerca de R$ 3 milhões em 2006 para mais de R$ 30 milhões em 2007, entretanto a Bahia está entre os estados que menos recebem recursos federais segundo as estatísticas do próprio MCT considerando-se o porte da economia baiana. Minas e Pernambuco, por exemplo, investem menos recursos do orçamento estadual em C&T do que a Bahia, porém captam mais recursos federais”, completa.

O Inovatec já está recebendo propostas das empresas interessadas no benefício, através do encaminhamento de uma carta consulta disponível no site da Secti, que deve conter informações básicas do projeto pretendido, para obtenção do pré-enquadramento nos objetivos e prioridades do programa.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Pesquisa Científica ainda enfrenta muitas dificuldades no Brasil


A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) divulgou recentemente o relatório da Avaliação Trienal 2007. De acordo com o documento, foram avaliados 2.266 programas, totalizando 3.409 cursos, 1.182 de doutorado, 2.070 de mestrado acadêmico e 157 de mestrado profissional. Foram contabilizados 41.646 alunos titulados, 77,5% em mestrado e 22,5% em doutorado. Já quando se trata de alunos matriculados o número chega à 132.481, cerca de 64% de mestrandos e 36% de doutorandos. Houve um aumento de cerca de 20% dos programas avaliados em relação ao relatório anterior de 2004.

O documento visa avaliar a evolução de todo o sistema de pós-graduação do país e de cada programa individualmente, possibilitando a implantação de um banco de dados eficiente acerca da situação e evolução da pós-graduação, além de possibilitar a autorização, reconhecimento e renovação do reconhecimento dos cursos de mestrado e doutorado brasileiros.

A avaliação do Relatório Trienal se dá através de conceitos que vão de 1 a 7, estes números correspondem, em ordem crescente de qualidade dos cursos, os cursos classificados com os conceitos 1 ou 2 tiveram um desempenho fraco e abaixo do padrão mínimo, ao passo que os que obtiveram 6 ou 7 são aqueles programas de doutorado com nível de excelência. Dos programas avaliados 0,3% tiveram conceito 1, 3,7% obtiveram conceito 2, 29,9% foram classificados com conceito 3, a maioria dos programas tiveram conceito 4, cerca de 35,3%, o relatório registrou 21,1% com conceito 5, 6,4% foram avaliados com 6 e apenas 3,3% alcançaram o conceito máximo.

Avaliação qualitativa dos resultados

Os novos números da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) indicam um crescimento quantitativo considerável acerca da pesquisa científica brasileira. Há 20% a mais de programas de pós-graduação, porém ao analisar os dados de uma forma qualitativa, a coisa muda de figura e pode-se ver de uma forma mais consistente e visível as falhas da pesquisa no Brasil. Tendo como parâmetro os conceitos de 1 a 7 dados pela Capes em comparação com a Avaliação Trienal anterior, percebe-se que o panorama não se modificou, de fato, como indicam os números analisados.

A porcentagem de cursos com o conceito 1 permaneceu em 0,3%, no entanto houve um aumento em relação àqueles que receberam o conceito 2, em 2004 eram 1,7%, agora chegaram a 3,7%. O que indica que há mais cursos de péssima qualidade do que antes. Já os que obtiveram conceito 3, houve um decréscimo de 30,1% para 29,9%. O conceito 4 continua sendo o concedido com mais freqüência, aumentando de 32,5% para 35,3%. Os programas classificados com o conceito 5 diminuíram de 24% para 21,1%. Os cursos atestados como de ótima qualidade diminuíram em relação ao relatório anterior, aqueles com conceito 6 consistiam em 8% do total e agora não passam de 6,4%, enquanto os que obtiveram conceito 7 têm uma participação semelhante ao da última avaliação, passaram de 3,4% para 3,3%.


Embora o crescimento em números seja evidente, os programas em nível de excelência (conceitos 6 e 7) tiveram um crescimento absoluto ínfimo, em 2004 existiam 207 e agora são 219 cursos considerados de ótima qualidade. Outro dado desanimador é que há um número muito maior em relação aos programas de péssima qualidade, (conceitos 1 e 2) houve um aumento de 36 para 91 cursos que obtiveram tais conceitos. Esses dados denotam uma deficiência na educação brasileira, desde a infantil, embora haja cada vez mais um número maior de alunos, o ensino e capacitação dos profissionais ainda estão muito aquém da desejada e isso reflete também na produção científica brasileira.


As dificuldades enfrentadas pelos pesquisadores

A comunidade científica está aguardando ansiosamente o Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação que investirá cerca de R$ 41 bilhões na área até 2010, o que poderá possibilitar um salto qualitativo na pesquisa científica brasileira, porém não é só o capital que irá possibilitar tal feito.

Segundo indica no seu artigo no caderno “Mais” da Folha de São Paulo, Giovana Girardi acredita que os pesquisadores esperam que se possa derrubar alguns entraves dos quais a comunidade científica está cansada de reclamar.

A burocracia que cerca a importação de material científico e leis que dificultam os estudos da biodiversidade nacional, a criação de Institutos de Pesquisa no país, espalhando-os por regiões que convivem com um vazio científico, como a região Norte são as principais iniciativas propostas pelos pesquisadores brasileiros ao governo federal.
As mudanças para fomentar a produção científica brasileira devem começar por resolver problemas estruturais como a má qualidade do ensino e a ausência de uma postura política que veja no incentivo à pesquisa como fator preponderante para o desenvolvimento social.
Atualmente, a pesquisa científica brasileira corresponde a apenas 2% da produção mundial, ocupando o 15º Lugar, segundo indica a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Em termos qualitativos o desempenho do Brasil é mais tímido, é o 20° colocado, o ranking mede o impacto dos trabalhos publicados, tendo como base o quanto eles são citados por outros trabalhos. O ranking da Capes considerou todos os trabalhos brasileiros publicados em revistas científicas indexadas na base de dados do ISI (Instituto para Informação Científica).
Luiz Eugênio de Mello, pró-reitor de Graduação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em entrevista a Giovana Girardi, considerou a burocracia como o maior entrave para a pesquisa no Brasil. “Os preços que a gente paga e os prazos que a gente tem de enfrentar são uma das maiores causas do nosso atraso científico. Um americano ou um europeu que precisem de um produto o recebem no dia seguinte.

Aqui leva em média três meses para chegar” complementa. Luiz Eugênio de Mello afirma ainda que aqui no Brasil se considera, por definição, todo mundo como desonesto. As leis têm tantas dobras para evitar isso que no final acabam fomentando a desonestidade e a corrupção, o que se vê são muitos pesquisadores tentam burlar o sistema, contrabandeando.
Integração da pesquisa com o setor produtivo

Em virtude das dificuldades em se realizar pesquisa científica no Brasil e em países em desenvolvimento, se presencia uma emigração de pesquisadores para países com tradição nesse segmento. Segundo estimativa feita pelas Nações Unidas em 2005, quase 40 mil cientistas latino-americanos abandonam anualmente seus países de origem a fim de se instalar em institutos e universidades de nações ricas. Os principais problemas enfrentados por esses profissionais em seus países são os baixos salários, dificuldades para se conseguir financiamento e de se dedicar integralmente à pesquisa.

Uma das maiores deficiências da pesquisa brasileira é ainda o distanciamento dela com o setor produtivo. De acordo com um trabalho recente de Carlos Henrique Brito Cruz, diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), apenas 16% dos pesquisadores brasileiros trabalham em empresas ao passo que em países como os EUA e Coréia do Sul esse percentual chega a 80%.

Os números do trabalho de Brito Cruz indicam que a atividade científica brasileira ainda é exercida preponderantemente pelo setor público. O país investe cerca de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em Pesquisas e Desenvolvimento (P&D) ainda muito distante da média de 2,24% dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne os países desenvolvidos e alguns emergentes. Apesar desse investimento não satisfatório o Brasil é líder na América Latina.

Do total investido pelo Brasil, 60% é oriundo do setor público, através do financiamento direto do governo ou despesas com o ensino superior. A presença do investimento público torna-se evidente quando, apesar da verba destinada ao segmento representar apenas um terço em relação ao que é gasto pelos países líderes, (Suécia com quase 4% do PIB e Finlândia com 3,5%) a diferença cai abruptamente quando se compara o investimento público na atividade.

Enquanto o setor público brasileiro investe 0,6% do PIB, nos EUA e Suécia este indicador fica entre 0,8% e 1%. No setor privado a diferença é enorme, as empresas brasileiras gastam menos de 0,4% do PIB, em países como a Suécia e o Japão, líder e o vice, respectivamente, gastam entre 2,4% e 2,6%.

Comentário

Para que o Brasil, de fato, se torne uma potência científica, é necessária uma mudança profunda em toda sua estrutura, desde o ensino básico, passando pela desburocratização da política de exportação e importação de material científico e, sobretudo, no que tange o investimento no segmento através da iniciativa privada. As empresas brasileiras ainda não exploram o potencial da interação com institutos de pesquisa e universidades.

O setor privado ainda abriga poucos cientistas, esse problema advém do baixo nível de inovação do setor produtivo nacional, impossibilitando a construção de pontes com o mundo da ciência. O cérebro das empresas continua sendo alojado nas nações ricas e o trabalho braçal, de mão-de-obra, é destinado às nações subdesenvolvidas ou em desenvolvimento, como o Brasil. É necessário acabar com a visão tradicionalista e propiciar que as universidades consigam ir além da pesquisa pura, dando suporte para a inovação na pesquisa e tecnologia no mundo dos negócios.

É inegável que a produção científica cresceu significativamente nos últimos anos, mas o mundo cresceu mais ainda. É de fundamental importância que o governo, as empresas e os pesquisadores possam realizar as mudanças necessárias e fundamentais, fomentando a evolução científica e tecnológica nacional , proporcionando, por conseguinte, o desenvolvimento da sociedade brasileira de forma menos excludente, para que todos os segmentos sociais possam ser beneficiados.


quarta-feira, 21 de novembro de 2007

A Mobilidade das Multidões: Comunicação Sem-Fio, Smart Mobs e Resistência nas Cibercidades

*resenha do artigo de Júlio Valentin

A reconfiguração pela qual passam os espaços urbanos indica uma certa obsessão pela mobilidade. Através dos novos adventos tecnológicos, como celulares e dispositivos sem-fio, propiciando uma comunicação entre os indivíduos que compõe o meio social, através da internet e outras redes.
Surge diante nós, uma era da portabilidade, da mobilidade e da conexão generalizada dentro e fora dos ambientes domésticos, de trabalho, consumo e lazer. As tecnologias móveis permitem a articulação do espaço físico com o espaço virtual, possibilitando que pessoas, veículos, objetos e lugares possam ser localizados e conectados sem-fio, entre si e a qualquer parte do mundo, através do ciberespaço.
A liberdade de mobilidade passa a ser cobiçada pelos indivíduos, é o principal fator de estratificação territorial e sociocultural, revitalizando as tradicionais distinções entre ricos e pobres, nômades e sedentários, ao mesmo tempo em que a comunicação passa a ser móvel, a mobilidade torna-se comunicativa.
Os veículos de comunicação não estariam mais no espaço, e sim, todo o espaço se tornaria um canal interativo. Ao invés da idéia de “ponto de conexão”, concebemos essa nova realidade como sendo um “ambiente de conexão” ou “nuvem de conexão”. Esse ambiente incipiente rompe com a idéia linear e lógica das redes, sobretudo através da tecnologia de Wi-Fi, uma vez que o alcance da área de cobertura não é fixa, depende da localização de cada cidadão conectado.
A sociedade transita de sociedades disciplinares para sociedades de controle. A primeira seria o ambiente que molda os comportamentos individuais e coletivos através da segregação e da fixação dos movimentos, tendo o objetivo de vigiar e disciplinar o aprisionamento, impedindo que os indesejáveis fugissem dos limites a eles impostos. A sociedade de controle apresenta uma liberdade lúdica e ilusória, modulando as interações pela integração e organização da diferença entre as mobilidades, vigiando e controlando a inclusão, a fim de garantir que nenhum intruso adentre determinado ambiente. Nossas cidades, de forma gradativa, vêm se tornando metrópoles cibernéticas, onde cada vez mais os cidadãos, animais, máquinas, veículos, objetos e lugares são monitorados e conectados, entre si e a qualquer parte do mundo, através do ciberespaço.
Os computadores somem progressivamente e estão sendo embutidos em inúmeros objetos que nos cercam, através de sensores e softwares automatizados que funcionam como sistemas opacos e invisíveis de vigilância e controle do ambiente. Esse universo de tecnologias da mobilidade vai além do controle dos cidadãos. Aparelhos multifuncionais possibilitam o controle do ambiente, reunindo no mesmo dispositivo portátil, inúmeras funções como de computação, telefonia e navegação pela internet.
A cultura da mobilidade vem alterando de forma irreversível as rotinas profissionais, presencia-se de forma cada vez mais intensa o “teletrabalho móvel”, o trabalhador passa a utilizar o espaço físico do escritório só quando necessário, comunicando-se com os outros funcionários através das novas tecnologias móveis, sobretudo através do telefone celular. Em Tóquio a troca de mensagens SMS vem sendo muito difundida e utilizada principalmente devido ao baixo custo. Essas mensagens funcionam como uma ordem a ser cumprida, não se efetivando como um diálogo, não sendo considerada como comunicação social, mas sim como comunicação pessoal. A troca de informações que ocorre entre os usuários de celular parece bem mais com as senhas de acesso da sociedade de controle.
A facilidade de comunicação, de mobilidade e de interação entre os integrantes das redes móveis possibilitou o surgimento dos Smart Mobs ou Multidões Inteligentes. São agrupamentos que agem de forma coordenada, cooperativa e autoorganizável, através de SMS e portáteis conectados sem-fio à internet, visando um objetivo definido, geralmente com caráter político-social. O surgimento das smart mobs marca a atuação da tão criticada massa estúpida e alienada, em uma multidão inteligente, interconectada e articulada, modificando não só as dinâmicas da luta, como a forma de fazer e entender a política.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Arte na Educação


O estreitamento dos laços entre a arte e a educação é de suma importância para o desenvolvimento de crianças e jovens. Adepta dessa lógica, a cidade de Valparaíso no Chile abrigou X Conferência Ibero-Americana de Ministros da Cultura, no mês de julho. O encontro destacou a questão do trinômio Arte-Educação-Cultura, abordando numa visão integral, as funções e objetivos da educação artística no sistema escolar de forma geral. Outro ponto debatido foi a ampliação do acesso à cultura como decisiva na formação e consolidação da escola e de centros culturais.

O encontro contou com a participação de Ministros da Cultura de todos os países da ibero-america que firmaram a Declaração de Valparaíso. O documento estabelece iniciativas conjuntas para fortalecer os laços entre educação e cultura nos países. A ação integrada de educação artística, cultura e cidadania, e seus benefícios para os alunos em todas as fases da educação, e para aqueles com necessidades especiais, foi outro plano desenvolvido no encontro. A arte vem se firmando cada vez mais, em todo o mundo, para além de suas concepções estéticas. Através de sua interdisciplinaridade, se afirma como suporte educacional para o crescimento e o desenvolvimento dos indivíduos.

Na Bahia

O Centro de Educação Especial do Estado da Bahia (CEEBA), localizado no bairro de Ondina. é um espaço que atende crianças e jovens com necessidades educacionais especiais, através de atividades complementares. A Instituição conta com o trabalho de diversos profissionais, dentre eles, psicólogos, professores, e pedagogos. A arte é explorada conjuntamente com o conteúdo educacional no Centro, obedecendo o conceito de arteterapia. Segundo Valda Bulhões, professora de teatro e artes plásticas do CEEBA, esse tipo de atividade usa a arte como meio de expressão pessoal para comunicar sentimentos, ao invés de ter como objetivo produtos finais esteticamente agradáveis a serem julgados segundo padrões externos.

Valda acredita que a arte contribui demais com o desenvolvimento educacional e social de crianças e jovens, pois permeia todas as áreas do conhecimento. “Porém boa parte dos educadores não dão valor a arte como ferramenta educacional, não entendem e não crêem na sua importância, o que é um grande equivoco, pois a arte trabalha exaustivamente a criatividade e facilita a relação professor e aluno” completa. A professora afirmou ainda que a arte deve ser vista como uma forma de expressão acessível a todos, não apenas aos que têm algum talento artístico.”

O Teatro

O teatro é outro nicho cultural desenvolvido pelo Centro de Educação Especial do Estado da Bahia (CEEBA) . Por envolver todas as linguagens, já que comporta as artes plásticas, música, literatura e expressão corporal, a orientação teatral vem contribuindo decisivamente para a evolução dos alunos. Henrique Dias é aluno do CEEBA e adora as aulas de teatro, assim como tem um carinho enorme para com a professora Valda Bulhões. “O teatro vem me ajudando muito, agora sou menos tímido e consigo expressar minha opinião e o que eu sinto. Muitos colegas não falavam nenhuma palavra passaram a falar também após as aulas de teatro” afirma Henrique. A professora Valda acredita que o teatro possibilitou uma evolução incrível dos alunos, que passaram a se socializar com a comunidade e entre eles próprios.

A professora Ivana Cabral é formada em Artes Cênicas na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e trabalha juntamente com Valda na Oficina de Teatro com os jovens do CEEBA As professoras estimulam a leitura, imaginação, criatividade e expressão corporal dos alunos, promovendo sempre a participação deles, através de suas opiniões e percepções sobre os mais variados assuntos. Este é o segundo ano da Oficina de Teatro e, segundo Ivana, o teatro possibilita autonomia aos alunos especiais, fazendo com que eles construam sua percepção de mundo desde a auto-expressão à auto-imagem, nessa sociedade que exclui muito. O teatro os fortalece, enquanto grupo, construindo o senso de coletivo. Ivana acredita que o teatro é a arte de descobrir e descobrir-se, de saber ter consciência do que se pode e do que se tem direito.

A Música

Todos os formatos artísticos podem contribuir de alguma forma para o desenvolvimento de crianças e jovens, por trabalhar sempre com cognição e imaginação, acredita a professora Valda Bulhões. Muitas escolas vem utilizando a música nas salas de aula como um suporte para o aprendizado. Roberto Possidio é músico, produtor musical e já foi professor de inglês do ensino fundamental. Ele afirma que a música é uma ferramenta bastante valiosa na educação, seja ela infantil ou adulta. “Ela consegue abrir canais de percepção, estimula a inteligência e é também, um elemento de sociabilização, propondo o desenvolvimento de atividades em grupo, onde cada um vai encontrar o seu lugar e interagir harmoniosamente” completa Possidio.

No Centro de Educação Especial da Bahia (CEEBA), as professoras Valda Bulhões e Ivana Cabral, utilizam da música como um suporte de aprendizagem. Elas inserem a música na sala de aula constantemente, promovendo sempre debates entre os alunos a respeito das percepções e sentimentos que as músicas passam, analisando o conteúdo. Ivana acredita que a música é essencial no ambiente escolar porque ela une as linguagens, e contribui para que os alunos tenham uma maior capacidade de memorização. “Na educação especial, a música como um suporte torna-se ainda mais necessário, devido a dificuldade de memorização que eles tem, ela ajuda demais, sobretudo aqui na Bahia, onde o povo é muito musical e a música está presente nas raízes de toda nossa cultura” completa Ivana.





O músico Roberto Possidio fala da relação da educação com a música
Disponível também no Educação em Pauta