domingo, 19 de agosto de 2007

O Jornalismo Cidadão no programa Bahia Esporte


Em sintonia com a demanda crescente de eventos e competições esportivas e o interesse cada vez maior dos telespectadores em notícias regionais e locais, a Rede Bahia de Televisão lançou em sua grade de programação no dia 2 de julho de 2005 o Bahia Esporte. O programa que é exibido todos os sábados, depois do Jornal Hoje, aborda as principais competições esportivas do estado, levando para o telespectador as disputas, as modalidades esportivas mais diversas, o futebol, os esportes radicais e também o esporte amador. O programa, possui um grande destaque para a cidadania, no conteúdo de algumas matérias é possível ver a relação do esporte cidadão, e o interesse do programa em divulgar esse tipo de atividade.
Com apresentação ao vivo de Patrícia Abreu, o Bahia Esporte mostra curiosidades do meio esportivo, além de contar com a participação do telespectador que pode sugerir pautas, enviar vídeos e votar em pesquisas pela internet. Matérias sobre bastidores e treinamentos, personalidades, histórias de dedicação e amor ao esporte, atletas de todas as idades, os craques e seus clubes e muito mais entram na pauta deste programa. Com linguagem moderna e dinâmica, o Bahia Esporte conta ainda com participações ao vivo de vários pontos do estado bem como transmissões de provas e eventos das mais variadas modalidades. Na praia, no campo ou no ar, o Bahia Esporte mostra o que de melhor acontece no esporte baiano, e principalmente mostra as relações da mídia e cidadania que não são muito vistas no meio da Televisão atual.
Foram analisadas 4 edições do programa Bahia Esporte, os programas dos dias 12, 19, 26 de maio e a do dia 2 de junho de 2007. O programa é dividido em três blocos que geralmente apresentam de duas a três matérias. Uma característica marcante do programa são aquelas que tratam da cidadania e da inclusão social, em todas as edições analisadas teve uma matéria com esse teor, o que denota um objetivo nítido do programa.
Na edição do dia 12 de maio o programa fez uma homenagem ao ex-jogador da seleção olímpica de basquete, Gilson Trindade, primeiro atleta olímpico baiano. Foi abordado a sua trajetória no esporte e ele falou de um projeto, no qual ele faz parte, para a construção de centros olímpicos em diversos municípios baianos que levarão seu nome. Já no dia 19 de maio, o Bahia Esporte falou e transmitiu algumas lutas do Torneio de boxe sub-17 promovido pelo pugilista baiano Acelino “Popó” Freitas em um ginásio do subúrbio de Salvador. Nesses dois exemplos pecebe-se uma particularidade em comum.
A mídia se utiliza de duas personalidades que conseguiram adquirir notoriedade através do esporte e estes se utilizam dessas ações altruístas para adquirir uma maior visibilidade. O caso de Popó é ainda mais sintomático, no ginásio onde está sendo realizada a competição, as paredes estão repletas de pôsteres, ele atua como jurado, cronometra o tempo de cada round, além de ser o produtor do evento, acaba por conseguinte aparecendo muito mais que os meninos que estão competindo, denotando muito mais uma estratégia de comunicação do que uma ação voltada para a visibilidade dos novos boxeadores. Esse tipo de atitude se aproxima muito mais do marketing social, que consiste numa gestão estratégica tendo em vista a imagem que se cria de pessoas e produtos no mapa cognitivo da audiência, do que uma iniciativa do terceiro setor.
Na edição de 26 de maio, o Bahia Esporte cobriu o evento Esporte e Cidadania que ocorreu na cidade de Simões Filho, no qual as crianças puderam participar e praticar 36 modalidades esportivas de graça, tendo contato com os mais variados esportes. Já no dia 2 de junho, o programa falou sobre a Associação Pestalozzi da Bahia que possui 150 alunos, todos eles, portadores de necessidades especiais. È uma escola especial, no qual os alunos estudam e fazem oficinas profissionalizantes e com a construção da quadra, passaram a praticar basquete e ficaram em 4° lugar.
Um grande problema do jornalismo cidadão que pôde ser percebido foi a atomização e a descontextualização das notícias. Os eventos, os assuntos ganham e perdem sua visibilidade da mesma forma, geralmente não há o acompanhamento dos envolvidos nas matérias já divulgadas, tratando-se de cidadania, isso é um aspecto de suma importância, para comprovar se de fato essas iniciativas estão dando os resultados esperados.
Por se tratar de um programa televisivo, o Bahia Esporte tem como receptor modelo, pessoas de todas as faixas etárias e classes sociais, todavia a segmentação da audiência consiste na temática esportiva e o interesse que as pessoas têm pelo esporte e principalmente, de que forma o programa aborda esse tema.
As matérias trazem consigo uma aura dramática e senacional, que buscam prender o telespectador através da emoção, das atividades desenvolvidas como um ato heróico, de pessoas idôneas que se dedicam ao bem-estar dos outros. É claro que isso é possível, no entanto, ao analisar de forma mais minunciosa as mensagens, percebe-se um discurso que visa a visibilidade midiática e da composição de uma boa imagem por parte da audiências das personalidades envolvidas.
O conceito de jornalismo cidadão precisa ser revisto. É claro pelos meios de comunicação, mas principalmente pelos profissionais jornalísticos, analisando até que ponto eles estão contribuindo com a cidadania e com os princípios de sua atividade. Uma releitura da cidadania na mídia, passa por uma modificação das concepções vigentes por parte dos empresários midiáticos e por conseguinte dos jornalista, mais cientes de sua função no que tange à cidadania

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Curso de Edição de Vídeo para jovens carentes


A organização não governamental PaciênciaViva oferece a jovens da rede pública de ensino o curso de edição de vídeo denominado de “Imagem Viva”. Está é a segunda edição do projeto, que se tornou possível através de uma parceria da entidade com o Instituto Afrânio Affonso Ferreira (IAAF), que incentiva e apóia iniciativas não-formais de capacitação e educação profissional em comunidades carentes do nordeste brasileiro.
O curso tem carga horária de 780 horas, seis meses de aulas prática e teórica e três meses de estágio supervisionado em algumas produtoras de vídeo e emissoras de TV, sendo o único em toda a Bahia que oferece formação profissional. São apenas 10 alunos por turma, e,segundo o Coordenador do curso Edmilson Santos, o processo de seleção é feito através da análise do nível de interesse dos candidatos e posteriormente um aprova oral. “O objetivo principal do curso é formar jovens em edição de vídeo e inseri-los no mercado de trabalho” completa Edmilson. O aluno Gustavo Ramos, 26, diz que após o curso pretende trabalhar na área de televisão e cinema.
O “Imagem Viva” destoa dos cursos profissionalizantes oferecidos pelas entidades não-governamentais que são geralmente braçais e/ou de baixa remuneração. Edmilson informa que, após concluir o curso, os alunos são inseridos em emissoras e produtoras como aprendizes e seguindo essa carreira profissional podem ganhar muito bem, pois o mercado de vídeo na Bahia está carente de mão-de-obra. O Diretor da Paciência Viva, Cláudio Deiró, afirma que o direcionamento do curso é a televisão, pois as produtoras não pagam bem e quem deveria normatizar a profissão são os sindicatos e sua atuação é bastante tímida, acontecendo uma “prostituição” da profissão como ele afirma, proporcionado pela grande rotatividade de profissionais, nenhuma estabilidade e salário muito baixo.
Os alunos aprendem a produzir vídeos em três formatos: vídeo institucional (VT), vídeo de 1 minuto, para participação em festivais e o vídeo tradicional de 5 minutos. A turma passada produziu, sob supervisão dos professores, dois vídeos institucionais, um da Paciência Viva e outro do IAAF. William Novaes, 21, afirmou que está gostando muito do curso e após concluí-lo pretende focar o que aprendeu na produção de cinema e jornalismo.
No decorrer do “Imagem Viva”, os alunos aprendem noções de sistemas operacionais, manutenção de microcomputadores, meios de captação de imagem, produção, edição de imagem eletrônica e pós produção com a utilização de aplicativos apreendidos em sala de aula. Sérgio Valverde, 26, pretende trabalhar com edição e direção de cinema e atualmente já escreve alguns roteiros. “Estou empolgado com o curso, estou gostando bastante, estou vindo a todas as aulas, mesmo com o braço enfaixado devido a um cisto que eu vou ter que operar, mas não quero faltar as aulas de jeito nenhum”, completa.

sábado, 11 de agosto de 2007

Fotojornalismo no século XX

Inicialmente, a fotografia foi concebida como um registro verossímil da verdade, partindo dessa visão ela acabou sendo adotada pela imprensa. Hoje, através de uma análise crítica dessa atividade e da bibliografia acerca de sua função e funcionalidade, percebemos o registro fotográfico não mais como espelho da realidade, mas como uma ferramenta indispensável na representação da realidade, tanto através do jornalismo quanto sob outras formas.
O primeiro tablóide fotográfico, o Daily Mirror surgiu em 1904 como sugere Baynes (apud SOUZA, 2004, p.17) , o veículo marca uma transição, no qual as fotografias passam ter importância e significação equivalente ao texto jornalístico, já Hicks (apud SOUZA, 2004, p.17)) acredita que foi através dessa ruptura conceitual que gerou uma maior disputa entre os órgãos de imprensa proporcionando aumento das tiragens e, por conseguinte, aumento da publicidade e do lucro e consequentemente a doutrina do scoop, ou seja da exclusividade, do furo, acirrando a disputa entre os veículos de informação.
Ainda no início do século XX, quando o fotógrafo entrava em algum local para fotografar as pessoas que ali estavam, estas paravam o que estavam fazendo, olhavam para a câmera e pousavam. Atualmente, as convenções fotojornalísticas atuais dão mais valor ao espontâneo e instantâneo que se adeqüam mais ao discurso jornalístico.
As modificações conceituais acerca da imprensa propiciou nos anos vinte, na Alemanha, a aparição de máquinas fotográficas como a Leica, menores, com objetivas luminosas e com isso foi possível a obtenção de imagens espontâneas e de fotografias em lugares fechados sem a utilização da iluminação artificial. Foi nessa época que pela primeira vez, o valor noticioso, a carga informacional da fotografia se sobrepôs à nitidez e a reprodutibilidade.
A Alemanha pode ser considerada como o berço do fotojornalismo moderno. Após a Primeira Guerra Mundial, desenvolveu-se no país as artes, as letras e as ciências. Esse ambiente influenciou decisivamente sua imprensa, pois entre os anos vinte e os anos trinta, a Alemanha foi o país que teve o maior número de revistas ilustradas, que possuíam tiragem superior a cinco milhões de exemplares para um público de cerca de 20 milhões de pessoas (LACAYO e RUSSELL apud SOUZA, 2004, p.20).
Influenciadas pela imprensa alemã, surgiram na França, no Reino Unido e nos Estados Unidos as revistas Vu, Regards, Picture Poste e Life, dentre várias outras. Em Portugal surgiram o Século Ilustrado e a revista Vida Mundial seguindo a mesma linha das outras publicações. É na década de 30, nos Estados Unidos, que o fotojornalismo vai se integrar de fato, nos jornais diários norte-americanos, inclusive com a presença de fotomontagens.
Nos anos cinqüenta houveram um ruptura no que concerne à fronteira temática, desenvolvendo-se a foto-reportagem. Os fotojornalistas passaram por uma evolução estética e passam a aderir a arte e a expressão nas suas obras. É nessa época também que se dissemina o uso das máquinas de reflex direto. Percebe-se os primeiros sinais de crise nas revistas ilustradas, devido ao surgimento da televisão. Em 1957 encerra-se a Collier’s , a Picture Post no ano seguinte e após quinze anos, as gigantes Look e Life. Surgiram também nesse período a imprensa de escândalos, os paparazzi, fomentando o uso da teleobjetiva, que permite uma maior distância do fotografo em relação ao objeto a ser fotografado.
Nos anos 60 pôde se perceber mais nitidamente as concepções do jornalismo sensacionalista, provocando um maior distanciamento do fotojornalismo de sua função sócio-integradora. A reflexão sobre os temas perde espaço para a espetacularização do acontecimento e na “industrialização” da atividade.
Em meados dos anos oitenta, a aquisição de máquinas fotográficas se tornou muito mais fácil por todos, na maior parte do mundo. Ainda nos anos oitenta, os fotógrafos passam a utilizar de uma forma geral o computador para reenquadrar, escurecer ou clarear as fotos, como também mudar a relação tonal e retocá-las. “A imagem totalmente ficcional tornou-se mais fácil de criar.” (SOUZA, 2000)
Se tratando de fotojornalismo, as mudanças que ocorrem se procedem em ritmo vertiginoso, no início dos anos 90 houve várias transformações. A manipulação das imagens por computador gerou problemas no que concerne à relação da fotografia com o real. A transmissão digital, aumenta a pressão sobre os fotojornalismo, impondo um ritmo mais frenético ainda nas rotinas profissionais.
O Brasil durante todo esse século abrigou grandes profissionais, com grande apuro técnico, que se consagraram mundialmente através da produção fotográfica que eles desenvolveram na imprensa tupiniquim. Dentre eles estão Jean Manzon, francês que iniciu carreira como repórter fotográfico no jornal Paris SoirII, participou também do grupo de jornalistas que fundaram o Paris Match, semanário francês. Durante a Segunda Grande Guerra ingressou na marinha francesa como repórter fotográfico e ao final da guerra conheceu o brasileiro Alberto Cavalcanti e decidiu estabelecer-se no Brasil. No Brasil, fez parte de várias revistas ilustradas dos Diários Associados, principalmente em O Cruzeiro, revolucionando o modo de se fazer fotografia no país. Em 1952 fundou sua empresa cinematográfica onde produziu cerca de 900 documentários, abordando temas sobre o povo, a cultura e as cidades brasileiras. Ainda como repórter fotográfico foi colaborador da revista Magnum e da Paris Match, que dirigiu entre os anos de 1968 a 1972, morreu em São Paulo em 1990.
Outro grande repórter fotográfico foi José Medeiros, nascido em Teresina-PI no ano de 1921. Iniciou sua carreira como free-lancer das revistas Tabu e Rio durantes os anos de 1942 a 1962. Em 1957 passou a fazer parte da equipe de repórteres da revista O Cruzeiro. De 1962 a 1965 foi diretor proprietário da agência fotográfica Imagem. E de 1965 a 1983 trabalhou como diretor de fotografia de cinema em mais de dez longas-metragens brasileiros, tendo obtido vários prêmios pelo seu trabalho. José Medeiros morre também em 1990 em Áquila, na Itália.
Já o repórter fotográfico Domício Pinheiro iniciou sua carreira na Folha Carioca e no jornal Última Hora. A partir de 1954 integrou-se ao grupo Estado onde só saiu em 1989. Ganhou notoriedade ao cobrir o jornalismo esportivo, foi conhecido como o fotógrafo de Pelé, por ter acompanhado toda a carreira do Rei do Futebol e ter registrado em suas lentes os seus momentos mais marcantes. Domício priorizava o instante memorável, que carregava uma carga informacional muito grande que virou referência para toda uma geração de repórteres fotográficos. Domício também cobriu manifestações populares, militares e religiosas no período do golpe militar até 1994, seu último ano de atividade.
Outro consagrado fotojornalista brasileiro foi Flávio Damm que iniciou sua carreira no jornal O Globo, quando ainda morava no Rio Grande do Sul, depois de um tempo, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou na revista O Cruzeiro durante dez anos, após sair da revista abriu um estúdio em um apartamento que tinha no Flamengo, fotografou petróleo para a Petrobrás, trabalhou como produtor gráfico, escreveu livros e participou de inúmeras exposições e foi um dos pioneiros ao criar uma agência de fotografia no país em 1961, a Agência Jornalística Image Ltda. Em seis décadas de profissão, Damm conseguiu reunir um acervo que já rendeu a publicação de 12 livros, entre os quais Brasil futebol rei(1965), Ilustrações do rio(1970) e Um cândido pintor Portinari(1971). Conhecer a história do fotojornalismo se faz necessária para se compreender o atual contexto fotojornalístico, a influência que ele sofreu e vem sofrendo dos outros meios, sobretudo a televisão, que provocou, algumas vezes de forma desarmoniosa, uma reconfiguração da atividade do repórter fotográfico, Atualmente a fotografia digital vem provocando novas mudanças e implicações no exercício da atividade do fotógrafo, surgindo com isso, novos padrões éticos e novas responsabilidades

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Tinta fresca...

Eis o começo, não é de uma grande era ou de uma mudança significativa para todos, a não ser para mim e para aqueles que se propuserem a debater assuntos ligados ao fazer e entender o jornalismo com esse modesto estudante que vos escreve. Portanto incluirei aqui textos produzidos por mim, sejam eles artigos, reportagens, comentários, produzidos livremente ou propostos pelos professores.

Sintam-se a vontade, principalmente pra reclamar, criticar e discordar do que será dito.